Um diálogo interceptado pela Polícia Federal com autorização da Justiça revelou que os recursos federais desviados da Secretaria de Estado da Saúde (SES) serviam, dentre outras coisas, para bancar “namoradas, esposas e amantes” de agentes públicos, que recebiam como funcionárias fantasmas.
A conversa ocorreu entre Louis Philip Moses Camarão, então diretor-geral de Referência de Exames de Média e Alta Complexidade, o antigo Hospital Pam Diamante, e Péricles Guará, que exercia o cargo de gerente executivo do Instituto Cidadania e Natureza (ICN). Louis Camarão é pai do secretário estadual de Educação, Felipe Camarão.
Num dos trechos, Camarão, o pai, ao ser questionado por Guará sobre conhecer uma das funcionárias fantasmas, identificada como Dália de Sousa Veigas Azoube, chega a fazer comentários desabonadores a respeito dela. “Conheço, na hora que eu olhei identifiquei logo, pelo perfil glúteo”, diz.
Segundo a PF, mais de R$ 18 milhões foram desviados por meio desse esquema e de contratos com empresas de fachada, entre os anos de 2015 e 2017.
Uma das cunhadas do secretário Márcio Jerry Barroso, Lenijane Rodrigues da Silva Lima, a Jane, é apontada como integrante da organização criminosa (Orcrim), descoberta pela Polícia Federal após publicação do ATUAL7 revelar que uma amiga do mesmo Jerry, em Imperatriz, embolsava um supersalário de mais de R$ 13 mil.
Até uma sorveteria participou do esquema, transformando-se, da noite para o dia, numa empresa especializada na gestão de serviços médicos. Mais de R$ 1,2 milhão foram desviados da SES por meio de notas frias com essa mudança.